Jicelmo Machado
Na última quinta-feira (3), o Congresso Nacional foi palco de um importante encontro entre lideranças populares, especialistas, representantes do governo e figuras religiosas em defesa da justiça climática. O seminário "A Cúpula dos Povos e o Parlamento Brasileiro: desafios e prioridades para a COP30" reuniu diferentes vozes comprometidas com a construção de uma agenda climática popular e inclusiva.Entre os destaques do evento, a participação de Dom Vicente Ferreira, presidente da Comissão Especial para a Ecologia Integral e Mineração (CEEM), trouxe à tona o posicionamento da Igreja do Sul Global — que envolve Conferências Episcopais da América Latina, Caribe, África e Ásia — diante da próxima Conferência do Clima da ONU, a COP30, que será realizada em 2025 em Belém (PA).Durante sua fala, Dom Vicente apresentou o documento “Um chamado por justiça climática e a Casa Comum: conversão ecológica, transformação e resistência às falsas soluções”, construído coletivamente por organizações e representantes religiosos dos países do Sul Global. O bispo fez duras críticas às chamadas “soluções de mercado” para a crise climática.
“Esse documento é, antes de tudo, um grito de denúncia às falsas soluções. Essa proposta de capitalismo verde precisa ser vista não só com prudência, mas com resistência. Como pode um sistema que destrói se apresentar como solução?”, provocou Dom Vicente.
O seminário reforçou a importância do diálogo entre os saberes populares e o poder legislativo, apontando a urgência de políticas públicas que coloquem a vida no centro das decisões. O evento também marca a preparação de pautas prioritárias que serão levadas à COP30, com foco na proteção dos territórios, na transição justa e na defesa dos direitos das populações mais vulnerabilizadas pela crise climática.Com a presença ativa dos movimentos sociais, a mobilização pelo clima ocupa não apenas as ruas, mas também os corredores do Congresso. A mensagem é clara: justiça climática só será possível com participação popular e enfrentamento às estruturas que perpetuam a desigualdade ambiental.
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