Luis Terêncio e Thaynara Freire
A população dos distritos de Iguatemi, São Timóteo e Itanajé, em Livramento de Nossa Senhora, pode estar consumindo água contaminada, levada pela Operação Carro-Pipa, do Exército Brasileiro.
Há suspeita de inconsistências na análise para aferição da pureza da água distribuída por essa verdadeira indústria da seca, nas regiões flageladas, que está há dois anos em “situação de emergência”.
Provar a potabilidade da água é uma exigência do Exército e consta que ele é rigoroso na fiscalização dos caminhões-pipa, mas cabe à Coordenadoria Municipal de Defesa Civil cuidar das análises. A água deixou de ser fornecida pela Embasa, devido às recentes reduções na oferta, em razão de obras de manutenção e da própria incapacidade de armazenamento da sua estação de tratamento.
São 17 pipeiros, que agora pegam água bruta, no chamado Mata Burro 2, vinda da Barragem Luiz Vieira, pelo sistema do DNOCS, mas há laudos atestando essa água como boa para consumo. As análises são assinadas por Darlan A. Lopes, do Laboratório Análise, de Brumado-BA, e revelam parâmetros de pureza que não combinam com a reconhecida poluição do Rio Brumado e daquela barragem.
Há dois laudos, deste mês de março, confirmando que as análises são solicitadas pela Defesa Civil de Livramento, coordenada por Parmênedes Guimarães Aguiar, responsável pela coleta das amostras. Será que houve manipulação das amostras ou dos laudos?
Após ouvir prepostos do laboratório e Defesa Civil, o controlador Jânio Soares Lima disse a redação do site Mandacaru da Serra, ter ocorrido, de fato, análise de amostra in natura, em janeiro. E o exame delas teria atestado a potabilidade, inclusive com ausência dos temidos coliformes, numa água que, além do esgoto de Rio de Contas, recebe outros dejetos até chegar ao perímetro irrigado.
Ainda segundo o controlador, as análises são semanais e, desde janeiro deste ano, a água passou a ser tratada com pastilhas de cloro, no próprio caminhão-pipa, onde são colhidas as amostras para exames. Mas essa desinfecção só é cabível em água já filtrada, e não elimina substâncias físicoquímicas nocivas, além de exigir manejo por técnicos qualificados, o que, como se sabe, a prefeitura não tem.
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